Comentário do seguidor de um excomungado por antonomásia

Damos a nossos leitores a oportunidade de ler um daqueles comentários que, não fossem merecedores da exposição pública para seu próprio vexame, seriam enviados diretamente para a lixeira de nosso blog (com muitos outros que para lá foram destinados).

Hoje inicia-se a novena para a festa de São Pio X (3 de setembro). Rezemos pela restauração do clero, — especialmente em Portugal — em especial desagravo às blasfêmias proferidas contra Nosso Senhor (chamado por alguns de ‘excomungado por antonomásia’) e contra Nossa Senhora de Fátima.

A sua benção, Padre. E seus novos comentários, mantendo-se o mesmo conteúdo, serão imediatamente apagados.

 

Autor : Mário de Oliveira Email : padremario@sapo.pt
URL: http://www.padremariodemacieira.com.sapo.pt
Comentário:
DIÁRIO ABERTO

2008 AGOSTO 25

A Cúria do Vaticano não tem emenda e acaba de cometer mais um crime de lesa-inteligência, de lesa-investigação bíblico-teológica e de lesa-humanidade, ao proibir Ariel Alvarez Valdez, padre argentino e doutor em teologia bíblica, de continuar a leccionar na Universidade católica e no Seminário daquele país latinoamericano, e de escrever e publicar artigos e livros, ou proferir palestras e comentários em rádios e televisões. Permite-lhe apenas que continue a rezar missas e a presidir a outros ritos sacramentais, obviamente, sem homilias ou sermões, porque, se o fizesse, poderia, no decurso dumas e doutros, reincidir no gravíssimo pecado de ensinar falsas (?!) doutrinas bíblico-teológicas ao povo. O motivo de semelhante sanção – a notícia entre nós foi dada no final da semana passada em primeira mão pelo semanário SOL, na sua edição on-line, e não, como seria de esperar, pela agência Ecclesia que, pelo menos, até agora mantém o mais completo silêncio –
é simplesmente este: o padre e doutor em questão nega a existência histórica de Adão e Eva e, consequentemente, do pecado original, expressão inventada no século V por Santo Agostinho, de má memória, pelo menos, neste particular. Outro surpreendente e decepcionante aspecto da notícia é que o padre e doutor em questão acatou de imediato a decisão – há lá infantilidade mais humilhante! – e já anunciou que, de ora em diante, vai limitar a sua actividade presbiteral às missas. Não conheço pessoalmente o padre e doutor em questão. Apenas sei da sua existência, graças à regular colaboração que ele, desde há algum tempo, tem mantido, na conhecida revista BÍBLICA, propriedade dos Padres Capuchinhos portugueses, uma publicação trimestral que recebo em permuta com o Jornal Fraternizar e que leio com interesse, mais ainda, desde que passei a topar nas suas páginas com textos deste perito católico argentino em assuntos bíblicos. A revista ficará, por isso privada, a partir de agora, do seu melhor colaborador. Desconheço como ela irá reagir a semelhante perda e que posição irá tomar perante semelhante sanção canónica aplicada ao padre e doutor em questão. Espero que nem a revista, nem o seu director, o padre Herculano Alves, outro perito em Teologia bíblica, metam a viola no saco e prossigam o seu caminho como se nada tivesse acontecido. Porque estamos perante um crime de lesa-inteligência, de lesa-investigação bíblica e de lesa-humanidade, cometido impunemente pela Cúria Romana, escandalosamente useira e vezeira, ao longo dos séculos, em matérias como esta. Seria a cobardia das cobardias. Já me dói saber que o padre e doutor em questão, apesar de o ser, não tenha tido a humildade e, por isso, a lucidez e a audácia de enfrentar a Cúria do Vaticano e de polemizar cordialmente e olhos nos olhos com ela, num desassombrado duelo bíblico-teológico onde poderia acabar por perder também o direito de rezar missas e, finalmente, sofrer até a excomunhão. Sabemos, pelo menos, desde Jesus, o de Nazaré, o Excomungado por antonomásia, que a causa da Verdade pode levar a tais extremos e a outros ainda mais gravosos. Mas, tal como ele, temos de ser capazes de amar a Verdade, inclusive, até ao limite da perda da própria vida e, mais ainda, até ao limite de chegarmos a ter de vermos colar-se ao nosso nome, por muitos anos ou para todo o sempre, na memória da Igreja católica romana e, porventura, na memória da Humanidade em geral, o incruento, mas ignominioso ferrete de “maldito”. A tanto havemos de estar dispostos, não por birra ou masoquismo, mas porque sem Verdade, também não há Liberdade – “amai a Verdade, que a Verdade vos fará livres”, revela Jesus, o do Evangelho de João – e sem Liberdade, tão pouco há seres humanos, apenas lesmas, coisas, súbditos, funcionários, sagrados que sejam, realizadores de sucessivos ritos destinados a alimentar ancestrais medos dos deuses e deusas nas pessoas e nos povos, como, pelos vistos, o padre Ariel Valdez, já estará oficialmente a fazer. Para sua vergonha e humilhação. Só mesmo a Cúria do Vaticano, com os seus cardeais e quejandos, cujo principesco estilo de vida e cujas decisões canónicas DeusVivo só pode vomitar sem cessar, é que ainda não sabe que Adão e Eva, como casal histórico, nunca existiram. Menos ainda existiu o Pecado Original. Hoje, qualquer estudante do Secundário sabe que a espantosa e sempre misteriosa criação dos seres humanos aconteceu no decurso da Evolução, a partir da irrupção, ocorrida há uns 3.800 milhões de anos, nas profundidades de um primigénio oceano, ou nos ancestrais pântanos deste minúsculo planeta Terra que hoje habitamos e que está situado na periferia da nossa galáxia, a Via Láctea, a uns 29.000 anos-luz do respectivo centro, da primeira célula viva, uma bactéria, designada pelos cientistas com o nome de Aries. Eu sei que o livro do Génesis com que abrem todas as nossas Bíblias, a Hebraica e a das Igrejas cristãs, também a católica, proclamam outra coisa bem distinta da Ciência, por sinal, em dois relatos míticos das origens, qual deles literariamente o mais belo e poético. Mas não são mais do que isso: relatos míticos das origens, não são Ciência. Ainda assim, os cardeais da Cúria Romana tinham / têm obrigação de saber que a própria Bíblia já se corrige a si própria, pois o segundo desses referidos relatos míticos das origens, precisamente, aquele com que abre o livro do Génesis, conhecido como o da criação em seis dias, escrito 400 anos depois do que se lhe segue, já não fala em Adão e Eva, nem em paraíso, nem em desobediência a Deus, nem na consequente expulsão de ambos do paraíso. Quando eram os Mitos que orientavam os povos e davam sentido às suas vidas na História, estes relatos míticos das origens eram inevitavelmente lidos dum modo totalmente distinto do que deverão ser lidos hoje, século XXI, quando os povos, felizmente, cada vez mais nos orientamos por dados científicos. Por isso, ou as Igrejas acompanham estes nossos tempos científicos, ou ficam fora deles. E fora da vida das pessoas e dos povos do terceiro milénio. Esta condenação por parte da Cúria do Vaticano do padre e doutor em Teologia bíblica da Argentina é intolerável. Mais do que um tiro no próprio pé da Igreja católica, é uma bomba nuclear no seu próprio seio. É sabido que eu próprio escrevi e publiquei há poucos anos um livro com o título NEM ADÃO E EVA, NEM PECADO ORIGINAL, edição da Campo das Letras, Porto. Só não me aconteceu nada, por parte da Cúria do Vaticano, porque para os cardeais da Cúria e para os bispos da Igreja católica em Portugal, eu oficialmente já não existo. Penalizarem-me, dizerem uma palavra oficial e pública contra esse meu livro ou outros livros que tenho escrito e publicado, seria admitir que eu ainda existo. O que eles nunca farão. Apenas continuarão a fazer o que fazem todos os que não têm razão e prosseguem instalados na Mentira Organizada que fundamenta e justifica todos os seus privilégios e todas as suas arrogâncias, ainda que disfarçadas de hipócrita humildade: deitam-me todos ao mais cínico desprezo e a quem, ingenuamente, lhes falar de mim e do bem que a leitura dos meus livros lhes tem feito, apressam-se a dizer-lhes em privado: O padre Mário de Oliveira? Mas então não sabe que ele já não é padre nenhum e que não passa de um louco? E, depois, na maior das calmas, lá seguem para o templo onde presidirão mais um rito de missa, que eles não deixam dia nenhum sem fazer. Tal e qual como o sacerdote e o levita da parábola do Evangelho de Lucas que não faltavam regularmente aos ritos do Templo de Jerusalém, sem nenhum tempo para se ocuparem dos roubados e abandonados meios mortos nas bermas dos caminhos pelos Executivos das nações e das transnacionais que ainda hoje fazem questão de manter boas relações com a Cúria Romana, os seus cardeais e os bispos / pastores das Igrejas. Saibam, porém, que para esse peditório eu nunca dei nem darei.

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