O parecer de Yves Chiron sobre a conversão de Irmão Roger

Numa publicação de hoje, um dos articulistas do Rorate-Caeli, Carlos Antonio Palad, comenta um artigo de Yves Chiron (que nosso blog já havia citado nessa mesma polêmica) e levanta os mesmos questionamentos por nós apresentados em posts anteriores a respeito da suposta conversão do Irmão Roger Schutz, da comunidade de Taizè.

Vale relembrar: “Como comentamos anteriormente, uma suposta conspiração para ‘abafar’ a conversão de Irmão Roger só poderia alcançar algum sucesso se o próprio Irmão Roger consentisse em ser partícipe dessa farsa. Pois nada o impediria, se realmente desejasse, de procurar os meios de comunicação — que certamente dariam muito espaço — para divulgar sua conversão.”

Esperamos realmente que, apesar dessa péssima investida para esconder uma conversão que abalaria a ideologia ecumenista, a conversão de Irmão Roger tenha sido sincera. Et Fidelium animae per Dei misericordiam requiescant in pace.

A conversão do Irmão Roger de Taizè?

Em conexão com a recente postagem sobre a afiliação eclesiástica de Irmão Roger, alguém lembrou-me de um artigo que apareceu em The Remnant em 2006.
O artigo foi escrito por Yves Chiron e traduzido por Michael Matt, e afirma que Irmão Roger, de fato, foi formalmente recebido na Igreja Católica (via uma profissão de fé Católica) já em 1972. Conforme Chiron, Irmão Roger e seu próximo colaborador Max Thurian foram recebidos ao mesmo tempo. Max Thurian foi depois ordenado padre Católico e feito membro da Comissão Teológica Internacional.
Ao contrário da conversão de Max Thurian — que tornou-se de conhecimento público quando sua ordenação ao sacerdócio foi anunciada — a alegada conversão de Roger Schutz foi mantida em segredo até sua morte. Enquanto Roger Schutz afirma nunca ter rompido comunhão com ninguém, ele aparentemente parou com suas funções como pastor Calvinista e não mais presidia serviços Protestantes.
Se isso é verdade, menos sérias, mas ainda importantes questões surgem: por que o Cardeal Kasper recusou definir  a conversão do Irmão Roger como foi: uma conversão? E por que essa conversão foi mantida em segredo? Certamente um verdadeiro convertido ao Catolicismo deveria se envergonhar por  confessar sua fé? Pode-se apenas imaginar o grande número de convertidos que seriam levados à fé pelo exemplo de Irmão Roger se isso não houvesse sido escondido?

Chiron relata:

“No início de 1969, a Comunidade de Taizè recebia ‘irmãos’ católicos e depois, em 1971, um acordo foi feito para instituir uma  ‘representação’ da Comunidade de Taizè junto à Santa Sé. A ‘representação’ tinha como missão ‘negociar questões entre Taizè e a Igreja Católica em harmonia com o pensamento do Santo Padre; promover maior colaboração nas atividades ecumênicas entre Taizè e a Igreja Católica; encorajar o estabelecimento de relações orgânicas entre elas’.
Esse acordo, feito público na época (L’Osservatore Romano, 9-10 de agosto de 1971), preparou o caminho para a passagem à Igreja Católica dos dois fundadores da Taizè, Roger Schutz e Max Thurian. A ‘passagem’, essa conversão, ocorreu em 1972, na capela do Bispo de Autun, a diocese onde Taizè está localizada. Houve uma profissão de Fé Católica e então a Comunhão foi dada por Mons. Le Bourgeois. Nenhum certificado escrito resta, ao que parece, do evento, mas Irmão Roger deu testemunho oral disso e de sua adesão à Fé Católica ao sucessor de Mons. Le Bourgeois, Mons. Séguy. Mais tarde, práticas Católicas como a adoração Eucarística e o Sacramento da Confissão foram estabelecidos na comunidade da Taizè. Roger Schutz, tendo tornado-se Católico, evidentemente não mais celebrava os serviços Protestantes em Taizè ou em qualquer outro lugar e, já que ele não se tornou padre, recebia a Santa Comunhão apenas de um Padre Católico. ‘No que concerne o ministério do Papa, declarou e escreveu que a unidade dos Cristãos tem seu centro no pastor da Igreja de Cristo, que é o Bispo de Roma’.
Irmão Roger gostava de dizer: ‘Encontrei minha própria identidade Cristão ao reconciliar em mim mesmo a fé do meu passado com o mistério da Fé Católica, sem ruptura de comunhão com ninguém’ (de uma alocação do Papa João Paulo II em 1980, na época de seu encontro  com a Juventude Européia em Roma).  A expressão, repetida novamente em seu último livro (Deus apenas pode dar amor), pode ser julgada como muito insatisfatória, pois não diz nada sobre as retratações necessárias para uma conversão. Mas Irmão Roger não era um teólogo.

É verdade que o segredo de sua conversão não tem a clareza e a solenidade de uma abjuração. Mas quem ousa duvidar de sua sinceridade? Cardeal Ratzinger, dando a ele a comunhão em abril de 2005, certamente agiu com pleno conhecimento dos fatos. E é falta de modos acusá-lo ainda hoje de ter “dado comunhão a um Protestante”.

Um comentário sobre “O parecer de Yves Chiron sobre a conversão de Irmão Roger

Os comentários estão desativados.